O papa Urbano VIII obviamente se enfureceu com a escolha destes nomes, afinal a sua posição e a da igreja era defendida por alguém de nome Simplício. Tamanho erro estratégico colocou Galileu, religioso devoto e amigo do papa, em prisão domiciliar até o fim de seus dias.
Recebi de meu antigo chefe um relato de um episódio que ocorreu nos últimos dias. Trata-se de um evento cotidiano protagonizado por ele mesmo e um subordinado de alta patente da área de desenvolvimento de software. O acontecimento foi narrado de modo um tanto jocoso e de fato, para quem conhece os envolvidos, é muito engraçado. Reproduzirei aqui o relato, porém, para preservar a identidade dos protagonistas, optei por mudar seus nomes à moda de Galileu Galilei. Acompanhe abaixo, observando que minhas alterações e comentários estão em negrito.
Nós aqui na empresa temos 3 vagas no subsolo que estão sendo utilizadas por mim (Salviati), pelo Fulano (coadjuvante) e pelo Simplício. Como a garagem é pequena, o prédio utiliza serviços de manobristas que ficam na garagem até a hora em que nossos carros estejam posicionados para podermos sair sem a necessidade de manobrar outros carros. Quando estão nesta situação, o manobrista deixa todas as chaves na portaria que fica no andar térreo.
Sexta-feira, à noite, eu e o Simplício saímos da empresa e nos dirigimos à portaria (térreo) para pegar as nossas chaves. Reconheci e peguei a minha chave, pois utilizo um chaveiro com um cifrão para dar sorte, mas percebi Simplício confuso, com duas chaves idênticas de Mercedes (sim, pasmem, Simplício tem um Mercedes), fazendo aquela cara de interrogação. Ele pensou, pensou, tentou verificar se havia alguma marquinha na chave que pudesse fazê-lo concluir qual seria a sua, mas nada, nenhuma marquinha. Concluiu ele que o melhor seria levar as duas chaves ao subsolo, experimentá-las e trazer de volta a errada. Eu, não aguentando, interferi: Por que trocar 50% de chances de você não precisar retornar por 100% de certeza de que você precisará retornar para devolver a chave errada? Ele continuou com cara de interrogação. Como sempre, tive que explicar em detalhes: Por que você não escolhe uma das chaves e desce, se acertar, não precisa voltar, se errar, volte e pegue a outra chave que será a correta. Depois da segunda explicação e de alguma ajuda do porteiro Sagredo, fazendo um pequeno teatro, ele enfim entendeu e feliz falou: Por isso que você é o chefe!!! (sim, Simplício é capaz deste tipo de comentário apaspalhado)
Envergonhado por uma declaração desta na frente do porteiro Sagredo que me olhou com aquela cara de “você só contrata débeis mentais, para se sentir superior a eles”, desci com Simplício e “voilá”: ele acertou na escolha da chave e não precisou voltar à portaria. Triste pelo ocorrido, devo ter gerado alguma energia negativa que meu carro nem funcionou direito. Por outro lado, o Simpício viu a outra Mercedes que estava na garagem e lamentou não ter escolhido a chave errada.
Conheço Salviati e Simplício há muitos anos e me diverti muito lendo o relato acima enviado por Salviati. Simplício é Arquiteto de Software Sr, com mestrado, Mercedes e tudo o mais, só espero que não se ofenda muito por ter publicado esta história no Blog. É certo que omiti sua identidade mas aqueles que o conhecem saberão sobre quem estou falando. De qualquer forma, a mensagem que quero deixar é outra. Muitas pessoas reclamam da Matemática porque acham que ela não tem aplicação prática e que não serve para nada. Penso diferente, acho que nós não percebemos quando a Matemática se materializa em nossa frente.
2 comentários:
Eis uma história inteligente... valeu!
Caro Prof. Alexandre... sempre com agradáveis histórias onde louva a ignorância matemática alheia. Mantenha-se nessa trajetória que teu blog vai longe.
Abs.
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